sábado, 1 de novembro de 2008

O Planejamento da Aula

Márcio Klauber Maia

Domingo pela manhã. O irmão Francisco é o professor da classe de jovens da Escola Bíblica Dominical. Ele está ansioso para chegar logo à igreja e ministrar a aula de hoje. Seu coração bate mais forte esta manhã porque conseguiu um excelente material e está aguardando este momento para utilizá-lo. Um irmão lhe indicou um endereço na internet de um site maravilhoso, de onde extraiu vários artigos interessantes; outro irmão indicou um livro espetacular e o pastor emprestou-lhe um comentário bíblico, que será de muita utilidade. Será a melhor aula de sua vida, pensa.

A aula inicia e ele começa falando sobre um dos artigos, o que leva muito tempo. Tenta organizar o material no cavalete, mas percebe que a letra é muito pequena e não dá para visualizar bem. Os alunos estão interessados pelo assunto e começam a fazer perguntas, que acabam dando outro rumo à aula. O irmão Francisco lembra-se, então, de um capítulo do livro que tem um resumo interessante e pede que a irmã Maria faça a leitura, quando o Superintendente toca a sineta avisando que faltam dez minutos para o final da aula. Ele vai para casa triste, frustrado e com uma interrogação: como poderia organizar melhor todo o excelente material que tinha em mãos para dar uma boa aula, no tempo apropriado?

O que o professor vai ensinar?

Para falarmos sobre isto algumas questões precisam ser analisadas. Sabemos que ensinar não é apenas “passar” um conteúdo, mas sim formar cidadãos conscientes, com capacidade de absorver, analisar e praticar o que está sendo ensinado. Cabe ao professor criar um ambiente no qual o aluno seja estimulado a discutir e compreender o assunto; compartilhando experiências e construindo o conhecimento em grupo, sob sua orientação. Além disto temos que desafiar os alunos a uma mudança de vida, visando imprimir neles o caráter de Cristo, pela palavra de Deus. Quando vamos preparar a aula, tendo à mão o material que dispomos, que pode ser a revista da EBD, livros, artigos, recortes de revistas, mapas, comentários bíblicos, que já coletamos durante a semana, precisamos pensar em primeiro lugar sobre “O que vamos ensinar?”

O tempo disponível para a aula é resumido e precisa ser bem aproveitado. Não é possível ensinar tudo a respeito de qualquer que seja o assunto em apenas uma aula. Por isto precisamos identificar qual a idéia principal que precisa ser trabalhada, perguntando-se: “que conteúdo mínimo o meu aluno precisa reter sobre o assunto?”.

É importante identificarmos quais os conceitos que o aluno deve dominar no assunto que será ministrado, que valores precisa reter e qual o foco que deve ser dado durante a aula. Isto vai permitir que nos concentremos no que é importante e necessário, além de ter a oportunidade de identificar a melhor abordagem de acordo com a faixa etária, a formação e as necessidades específicas do grupo com o qual vai trabalhar, levando em consideração o que os alunos já sabem a respeito, a quantidade de alunos na classe, as limitações físicas do local aonde a aula será ministrada, o ambiente espiritual e sócio-econômico do grupo, etc., evitando, assim, que a aula seja sem rumo e improdutiva.

O que o aluno vai aprender?

Podemos dar o passo seguinte, fazendo a pergunta: “o que os alunos vão aprender?”, ou seja, quais os objetivos específicos para os nossos alunos e como podemos avaliar se eles absorveram os valores? Precisamos determinar o que esperamos do nosso aluno e como podemos avaliar seu aprendizado, de forma específica, por meio das atividades que eles estarão aptos a realizar após a aula. Se o objetivo da aula é que os alunos conheçam melhor o Espírito Santo, podemos ter uma orientação clara sobre o que deve ser trabalhado, estabelecendo o seguinte objetivo: “após a aula os alunos poderão citar quatro principais atributos do Espírito Santo e explicar, com suas próprias palavras o que eles significam”. Assim podemos direcionar a aula e identificar se houve o êxito almejado, sabendo antecipadamente o que o aluno poderá realizar e como demonstrará o que aprendeu. Se o assunto da aula é uma visão panorâmica das epístolas paulinas, o nosso objetivo pode ser: “Após a aula os alunos poderão citar cinco livros do Novo Testamento escritos pelo apóstolo Paulo e identificar no mapa os locais para os quais as cartas foram endereçadas”.

Que atividades serão realizadas?

Definido o que vamos ensinar e o que o aluno deve aprender, temos direção definida e sabemos o que queremos e aonde queremos chegar. Podemos nos concentrar agora nos aspectos práticos da aula: as atividades que o professor e os alunos irão realizar, e que recursos serão necessários. É nesta fase que podemos decidir qual a melhor forma de apresentarmos o tema, para atingir o objetivo, escolhendo que atividades serão realizadas em conjunto com os alunos, ou seja, quais os métodos que serão empregados na construção do aprendizado, de modo a facilitar a compreensão e fixar os valores que precisão ser adquiridos.

Não podemos esquecer de uma coisa muito importante: métodos e atividades são apenas o meio pelo qual queremos atingir um alvo. O produto final da nossa aula é o aprendizado e não a metodologia, que é apenas a ferramenta utilizada e o meio para se atingir o fim. Uma outra atenção que devemos ter é com respeito a planejar atividades para os alunos, sabendo que eles irão absorver muito mais daquilo que fazem, do que apenas vêem ou ouvem. É importante e necessário que planejemos maneiras de tornar a aula participativa. Isto vai aumentar o interesse dos alunos pela aula, fazendo com que se sintam importantes e necessários na classe, além de desenvolver o raciocínio e a intimidade com o assunto.

Precisamos também planejar quais os recursos ou materiais serão necessários para o funcionamento destes métodos e a execução destas atividades. Tudo precisa ser planejado e providenciado com antecedência para se evitar imprevistos e surpresas de última hora.

Vejamos alguns exemplos de como podemos tornar a nossa aula mais criativa e produtiva: se o assunto requer um volume maior de informações teóricas poderemos trabalhá-lo fazendo uma leitura de um resumo das informações principais, que pode ser através de uma dinâmica de leitura, ou de recurso visual, ou ainda assistindo a um filme ou documentário sobre o assunto. As informações depois poderão ser trabalhadas em grupo, utilizando-se de métodos como o painel integrado, grupo de verbalização e observação, ou através de perguntas e respostas. Para isto não podemos esquecer de preparar o texto (que pode ser um artigo encontrado na internet ou em uma revista), preparar e treinar antes a dinâmica a ser utilizada, confeccionar os recursos visuais, tais como cartazes, álbum seriado, quadro de tiras ou pregas. Se for utilizar o filme, além da fita de vídeo (que já deve estar no ponto certo), providenciar o vídeo cassete, a televisão e um local adequado. O material a ser trabalhado em grupo e as perguntas necessárias deve ser providenciado com antecedência.

Se o assunto é de ordem mais prática podemos trabalhar com dramatizações, estudo de um caso, jogos simulados, ou a melhor utilização de ilustrações, parábolas, etc. e explorar mais a participação individual com experiências dos alunos. Neste caso precisamos ter combinado com os alunos que vão apresentar a peça ou jogral, além de preparar o material dos jogos, estudo de caso ou dinâmicas que venham a ser empregados.

Se o assunto é mais polêmico podemos trazer convidados para um debate, um painel ou uma entrevista, ou podemos utilizar o método júri simulado, ou ainda através de discussão em classe. Temos que fazer os convites antecipadamente, preparar a classe ao longo da semana com a distribuição de tarefas e pesquisas, para que os alunos estejam devidamente preparados para discutir o assunto em questão.

Se a aula faz referências a cidades, rios, países ou outros lugares, podemos utilizar mapas, que podem ser trabalhados no retroprojetor ou através de colagens ou marcações com um pincel (para isto precisamos cobrir o mapa com um plástico para não danificá-lo). Podemos trabalhar também com fotografias dos locais.

Se o assunto é mais doutrinário, então podemos utilizar dicionários, comentários e chaves bíblicas para os alunos localizarem versículos; cartazes e esquemas gráficos podem ajudar a condensar e melhor apresentar os conceitos. Podemos envolver a todos através de um simpósio, ou com estudo bíblico indutivo. Nestes casos os materiais necessários devem ser providenciados com antecedência.

Conclusão

Os segredos para uma boa aula são o planejamento e a criatividade. As coisas não acontecem por acaso e o aprendizado não se desenvolve sem que haja um trabalho prévio. É nossa responsabilidade O professor que lê apenas a lição no Sábado à noite ou até no Domingo pela manhã não terá condições de exercer o seu ministério, sem antes planejar e preparar a sua aula. Devemos nos lembrar do que a Bíblia nos adverte: “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” Rm 12.7.

Márcio Klauber Maia é Presbítero da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte e professor da ESTEADEB-RN (Escola Teológica das Assembléias de Deus no Brasil). É professor da EBD no Templo Central em Natal-RN e Webmaster do site EBDweb (www.ebdweb.com.br). É casado e pai de quatro filhas.

Um comentário:

andreia disse...

Muito boa sua matéria sobre a EBD.Tenho tentado integra a EBD das igrejas que coordeno com o Dep . Infantil das mesmas .Mas minha dificuldade está justamente em os líderes entenderem que a EBD é primordialna iigreja e que um trabalho completa o outro . Ou seja se o dep . Infantil fizer bem seu trabalho ira refletir na EBD E ASSIM POR DIANTE .pARABÉNS .vOU COPIAR ALGUMAS FIGURAS SUAS PARA O BLOG DA criada Posso? ALGUMAS LÍDERES DA criada NÃO TEM MUITA INTIMIDADE COM COMPUTADOR E MUITAS PRECISAM IR A UMA LAM PARA ENTRAR . TOMA TEMPO E É POR ISTO QUE TUDO QUE ESTOU ACHANDO INTRERESSANTE NA WEB ESTOU PONDO NA CRIADA .Já conhece nosso blog ?